Nos últimos anos, o mercado de franquias tem se tornado uma das opções favoritas de quem quer empreender com “segurança”. Afinal, o modelo de franquia promete uma marca já testada, suporte do franqueador e um plano de negócio pronto.
Mas será que é mesmo um investimento seguro? E, mais importante: por que tantas franquias acabam fechando nos primeiros anos?
📊 O mito da segurança das franquias
É verdade que franquias têm uma taxa de mortalidade menor do que negócios totalmente novos. No entanto, isso não significa garantia de lucro.
De acordo com dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising), o setor cresce cerca de 10% ao ano, mas muitos franqueados não atingem o ponto de equilíbrio financeiro nos primeiros 24 meses.
As principais causas de insucesso incluem:
Escolha de ponto comercial inadequado; Falta de capital de giro suficiente; Expectativas irreais de lucro; Falta de engajamento do franqueado (que às vezes espera resultados “automáticos”).
📍 O ponto comercial: o maior determinante do sucesso
Ter um bom ponto é, sem exagero, metade do sucesso de uma franquia.
Mesmo marcas consolidadas podem fracassar se estiverem mal posicionadas — em ruas com pouco fluxo, acesso difícil ou perfil de público diferente do planejado.
Eu mesma vivi essa experiência: investi tempo e energia em um negócio que tinha excelente produto e marca forte, mas o ponto não acompanhava o potencial.
O fluxo de pessoas era menor do que o esperado, o público do entorno não se identificava totalmente com o produto e o custo fixo do local era alto.
Aprendi na prática que o ponto ideal é aquele onde o público-alvo naturalmente passa e se sente à vontade para consumir — não o mais bonito, nem o mais caro.
Antes de assinar o contrato, observe:
Quantas pessoas passam em frente diariamente; Se há estacionamentos ou transporte público por perto; Qual é o perfil socioeconômico dos vizinhos e trabalhadores da região; E, principalmente, se o ponto tem potencial de crescimento orgânico.
Um bom ponto pode compensar erros iniciais de gestão. Já um ponto ruim pode sabotar o melhor modelo de franquia.
💰 Quanto realmente se ganha com uma franquia?
A margem de lucro varia muito conforme o setor. Em média:
Alimentação: 8% a 18% de lucro líquido; Saúde e beleza: 12% a 25%; Educação e serviços: 10% a 20%.
Ou seja, é preciso faturar bem alto para ter lucro expressivo — e o retorno do investimento (ROI) costuma vir após 24 a 48 meses.
Franquias baratas (abaixo de R$ 100 mil) podem parecer atrativas, mas geralmente geram renda mensal modesta, às vezes inferior a um salário CLT em cargos médios.
🧠 Como avaliar se vale a pena?
Antes de investir, faça uma análise racional, não emocional:
Pesquise o histórico da marca e converse com outros franqueados. Leia a COF (Circular de Oferta de Franquia) com atenção — ela mostra taxas, obrigações e riscos. Simule cenários realistas: considere despesas, sazonalidade e impostos. Analise o ponto comercial com olhar crítico, e se possível, com ajuda de um especialista em geolocalização ou mercado local. E lembre-se: o sucesso depende mais da gestão local do que do nome da marca.
💡 Meus aprendizados como empreendedora
Depois de passar por essa experiência, percebi que a escolha do ponto e o planejamento emocional são tão importantes quanto o capital.
Deixo aqui três lições práticas que aprendi e que podem evitar muitos erros:
Nunca escolha o ponto pelo coração. A empolgação do momento pode cegar o investidor. É preciso olhar dados, fluxo e perfil do entorno, não apenas estética. Estude profundamente o público local. O que funciona em um bairro nobre pode não funcionar em uma área de fluxo popular — e o inverso também é verdade. Negocie o aluguel com sabedoria. Prefira contratos escalonados (que aumentam gradualmente) e evite comprometer mais de 15% do faturamento bruto com aluguel.
Essas lições foram construídas com erros, mas me ensinaram algo valioso: todo negócio precisa de raízes sólidas no território onde está.
O ponto é o solo — e se ele for fértil, o empreendimento floresce.
⚖️ Conclusão
Investir em franquias não é sinônimo de estabilidade, mas sim de compartilhar riscos e aprendizados dentro de um modelo testado.
Funciona bem para quem tem perfil de gestor, disciplina financeira e disposição para seguir regras.
E, acima de tudo, para quem entende que o ponto certo vale mais do que o nome da marca.
📌 Dica Finanças Fácil:
“Um ponto ruim derruba até o melhor negócio. Já um ponto certo transforma até uma ideia simples em sucesso.”